quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Como será o Banco Central sem Henrique Meirelles?

Infelizmente, mudança no cargo não deve trazer alterações na orientação do Banco


A saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central foi motivo de comemorações. Um dos principais símbolos da ortodoxia monetária dos últimos oito anos deixa a instituição responsável pela gestão da moeda no país. Estaria aberto o caminho para, pelo menos, uma política econômica menos neoliberal, com redução nos juros e maior espaço para investimentos?

Infelizmente, não. O sucessor de Meirelles pretende não só seguir a política de seu antecessor, como aprofundá-la. Antonio Tombini foi escolhido para ocupar o posto e, durante sabatina realizada no Senado nesse dia 7 de dezembro, já defendeu a redução das metas de inflação, hoje de 4,5% ao ano. Reduzir a meta significa mais aperto fiscal e maiores juros para “segurar” a economia.

Tombini é funcionário de carreira do Banco Central e se gaba de ter participado da implementação das metas de inflação, ainda na gestão de Armínio Fraga, durante o governo FHC. Além disso, é homem de confiança do sistema financeiro. Henrique Meirelles afirmou em entrevista à revista IstoéDinheiro que escolheu pessoalmente Tombini para substituí-lo. “O Tombini é a pessoa que eu considero mais qualificada para a sucessão, tanto que eu mesmo o escolhi e o indiquei”, disse.


Mais do mesmo

Quando Lula venceu as eleições em 2002, investidores internacionais viram a oportunidade de chantagear o novo governo a fim de terem ainda mais lucros. Apesar de o PT ter dado todas as garantias possíveis de que, uma vez no governo, iria impor uma política tão ou mais neoliberal que FHC, a vitória de Lula fez disparar o “risco Brasil” e a cotação do dólar, num movimento claramente especulativo.

Lula, recém-eleito, atendeu todas as expectativas do mercado financeiro. Antes mesmo de sentar na cadeira de presidente, nomeou o então deputado eleito do PSDB por Goiás, Henrique Meirelles, ao cargo do Banco Central. Além de ser tucano, Meirelles dirigiu por anos o Bank of Boston, sendo um nome de confiança do mercado internacional. E não fez por menos. Sua gestão teve a marca da ortodoxia e foi garantia de uma política que atendesse os banqueiros.

Não é menos significativo que, de todos os ministros que Lula teve nesses dois mandatos, Henrique Meirelles tenha sido o único a permanecer no cargo durante os oito anos. Foi único que atravessou incólume crises, políticas como o mensalão à crise internacional que motivou milhares de demissões pelo país.


Avança projeto de independência do BC

Enquanto isso, o projeto que garante formalmente a independência do Banco Central avança no Congresso. No último dia 3 foi apresentado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e deve ser votado no próximo ano. Encabeçado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o projeto prevê um mandato fixo de seis anos para o cargo, nos quais não poderá ser demitido pelo presidente eleito.


Retirado do Site do PSTU

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