quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Documentos revelam as barbáries praticadas pelos EUA no Iraque

Cerca de 400 mil documentos secretos mostram assassinatos e torturas cometidas pelos norte-americanos no país


O vazamento de quase 400 mil documentos oficiais do Exército norte-americano sobre a invasão e ocupação do Iraque revela detalhes dos inúmeros crimes cometidos pelos EUA nesses últimos seis anos. A revelação dos documentos mantidos até então sob sigilo é considerado o maior vazamento de informações confidenciais de que se tem notícias.

Os documentos foram postados no site “WikiLeaks”, que se tornou conhecido após revelar imagens de um vídeo de em um helicóptero norte-americano no Iraque que mostra os soldados disparando contra civis no chão, matando 12 pessoas, incluindo 2 jornalistas da Reuters. O site permite postagens anônimas, o que possibilita que pessoas de dentro do próprio Exército tornem públicas as informações.

O conjunto dos documentos, que abrangem os anos de 2004 e 2009, rebate várias declarações falsas emitidas pelos EUA. A primeira e mais óbvia, a de que o país não guardava documentos sigilosos sobre crimes de guerra cometidos no Iraque. Alguns documentos revelados traziam a inscrição de sigilo e a seguir “eventos que podem produzir reação política, da mídia ou internacional”. E nisto estavam certos, pois foi justamente isso o que se produziu.


Mortes e torturas

Outra informação desmentida foi a de que as forças armadas não contabilizavam o total de mortes ocorridas durante a guerra e a ocupação. Os documentos não só mostram que os americanos contavam os mortos civis, como também que eles eram muito mais do que se previa. Há algo como 15 mil mortos civis a mais do que a estimativa do portal Iraq Body Count, cujo cálculo partia de reportagens e declarações oficiais. Segundo contabilidade do exército ianque, foram mortos 66 mil civis em cinco anos de ocupação, frente a um total de 109 mil mortos.

O que mais vem chamando a atenção, porém, são os casos de torturas, assassinatos a sangue frio e abusos cometidos por soldados, mercenários e policiais iraquianos contra a população civil. Entre os casos relatados estão assassinatos de famílias inteiras, incluindo mulheres grávidas e crianças, metralhadas por soldados em barreiras nas estradas do país.

Os casos relatados incluem assassinatos encobertos pelo Exército e a morte de combatentes que tentavam se render. Inúmeros crimes classificados como crimes de guerra pela Convenção de Genebra.

Os EUA, além de não emitirem nenhuma explicação sobre os casos relatados, ainda condenaram o site por “colocar em perigo” soldados e fontes no Iraque. O Pentágono e a secretária de Estado, Hillary Clinton, foram a público somente para criticar o WikiLeaks e o seu criador, o jornalista australiano Julian Assange. Esse mesmo site já havia disponibilizado 77 mil documentos secretos sobre a guerra do Afeganistão. Lange vive uma vida semi-clandestina, com o temor de ser preso ou assassinado. Já nos EUA, um soldado foi preso acusado de vazar relatórios secretos.

Não são, porém, apenas os norte-americanos que são acusados de crimes no Oriente Médio. O jornal britânico The Guardian revelou recentemente que os seus soldados no Iraque eram instruídos a torturarem presos durante interrogatórios. Um dos presos que não sobreviveram, Baha Mousa, teria sido torturado por 36 horas ininterruptas antes de morrer, conforme revelou sua autópsia, que também mostrou 93 lesões diferentes por todo o seu corpo.

  • Veja o site WikiLeaks (em inglês)


  • Retirado do Site do PSTU

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