Operários ocuparam planta em Jacareí por 90 dias contra o fechamento da empresa na cidade
Os operários da Sadefem/TT Brasil
terminaram, no dia 5 de março, uma ocupação de fábrica de mais de 90
dias. Os trabalhadores ocuparam a fábrica depois que a empresa anunciou o
encerramento de suas atividades na planta de Jacareí, interior de São
Paulo. Os operários reivindicavam o pagamento de salários atrasados,
direitos trabalhistas e o não fechamento da fábrica. A Sadefem devia
salários e vale-alimentação desde novembro de 2012, além do 13°, férias e
fundo de garantia referente a este período. No caso do FGTS, ainda
existe débitos de anos anteriores.
Isto levou os trabalhadores a decidirem, em assembléia realizada no final do ano passado, impedir o fechamento da planta para garantir o pagamento de seus direitos. Desde o dia 5 de dezembro de 2012, dezenas de operários se revezavam acampados nas instalações da Sadefem, numa luta heróica que comoveu o município de Jacareí.
Após a luta, os operários conquistaram todos os atrasados em parcela única, paga na semana passada, com exceção do FGTS que será parcelado em até 5 vezes. A luta contra o fechamento prossegue para garantir o cumprimento do acordo e contra o fechamento da planta.
A Sadefem fabrica torres de aço para transmissão de eletricidade e é controlada pelo grupo IESA/INEPAR, que acaba de fechar um contrato com a Petrobrás no valor de 620 milhões de reais. Isso comprova que o grupo não passa por crise econômica e que o fechamento da planta de Jacareí tem como fim reestruturar a produção para simplesmente aumentar o lucro de seus gananciosos acionistas. Estes senhores não se incomodam em colocar 400 pais de família no olho da rua. Muitos trabalhadores não estavam conseguindo suprir as necessidades básicas de suas casas como alimentação e o pagamento de contas de água, luz e gás, sobrevivendo de bicos, doações e empréstimos.
A justiça, pressionada pela opinião pública, decretou o bloqueio das contas da Sadefem em fevereiro para impedir que o grupo sacasse o dinheiro antes do pagamento dos débitos trabalhistas. Já o prefeito petista Hamilton Mota fez a doação de 150 cestas básicas, número totalmente insuficiente para atender as famílias dos operários. O clima da população na cidade tornou-se de revolta, o que obrigou o juizado a negar o pedido de reintegração de posse feito pela empresa enquanto durava a ocupação, alegando, no processo, que é de conhecimento público o descaso da empresa com os trabalhadores.
O governo Dilma Roussef, que acaba de prorrogar as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, que venceriam entre 2015 e 2017, para beneficiar os empresários que já dominam este setor, nada fez para garantir os empregos dos operários da Sadefem, uma empresa estratégica do ramo. Pelo contrário, cortou até 32% das contas de luz das indústrias brasileiras através da isenção de impostos e reduziu 75% do orçamento do Programa Luz para Todos que serve para levar luz às comunidades mais marginalizadas.
Os operários da Sadefem realizaram uma experiência de controle operário muito rica e que deve servir de exemplo neste período em que a indústria brasileira apresenta sinais contraditórios de recessão. As empresas que tiverem baixa produção ou decretarem fechamento de plantas não vacilarão em realizar demissões em massa e em não pagar direitos trabalhistas. Os governos, a serviço dos capitalistas, nada farão para que sejam respeitados estes direitos. Os trabalhadores devem compreender que o poder da produção está em suas mãos. Os operários da Sadefem chegaram a produzir mais de R$ 120 mil durante a vigília e distribuíram o dinheiro da venda sem a necessidade de entregar lucros aos patrões. É preciso apoiar e seguir exemplos de luta como esse. A luta da Sadefem continua.
O que é controle operário?
O exemplo da Sadefem retoma a ideia de controle operário da produção. Essa ideia começou a ser desenvolvida no início do século passado em um momento de grandes lutas e com o objetivo de passar às mãos dos trabalhadores o controle sobre a produção nos locais de trabalho. Na Argentina, já no início dos anos 2000 e em meio a uma crise econômica e política de enormes proporções, foram iniciadas diversas experiências bem sucedidas em que os trabalhadores e trabalhadoras tomavam o controle nos locais de trabalho e geriam, conjuntamente, a força de trabalho e a comercialização das mercadorias e dos bens produzidos.
Existem diversas formas e distintas experiências de controle das fábricas pelos trabalhadores. Por exemplo, determinada empresa pode ser controlada totalmente pelos trabalhadores, os quais decidem em assembléia cada passo que será dado, desde o chão de fábrica até a destinação dos bens produzidos, passando pela aquisição da matéria-prima necessária e pelo gerenciamento dos recursos produzidos. Esta experiência é chamada de gestão operária e costuma estar aliada à luta pela estatização da empresa e ao controle gerencial pelos operários. De outro lado, há experiências em que o patrão mantém a propriedade da empresa, porém fica subordinado às decisões da maioria operária.
Historicamente, a gestão das fábricas é um importante instrumento para a luta dos trabalhadores. Desta forma, é possível comprovar na prática que não são necessários patrões para tocar a produção, inclusive a experiência demonstra que aumentam os salários dos trabalhadores, que não precisam entregar uma gigantesca parte dos lucros aos capitalistas.
Os próprios trabalhadores, lutando contra o fechamento e a exploração imposta pelos patrões, têm condições plenas de buscar a forma de gestão que mais lhes interessa. Sabemos que o capitalismo é um sistema baseado na exploração de muitos em favor do enriquecimento de poucos. Assim, tomar para si as ações dentro da produção fortalece a luta e amplia as possibilidades dos lutadores e lutadoras.
O exemplo da Sadefem é muito importante, especialmente neste momento de crescente crise econômica mundial e fortes ataques às condições de vida e emprego, onde a classe trabalhadora se coloca à frente do seu destino e demonstra com força que é possível gerir a nossa sociedade livre de patrões e de toda forma de opressão e de exploração.
Toda solidariedade aos trabalhadores da Sadefem/TT Brasil!
Dilma e prefeito Hamilton (PT): Intervenham contra o fechamento da planta de Jacareí!
Retirado do Site do PSTU
Sind Metalúrgicos SJC | ||
Assembleia dos operários da Sadefem |
Isto levou os trabalhadores a decidirem, em assembléia realizada no final do ano passado, impedir o fechamento da planta para garantir o pagamento de seus direitos. Desde o dia 5 de dezembro de 2012, dezenas de operários se revezavam acampados nas instalações da Sadefem, numa luta heróica que comoveu o município de Jacareí.
Após a luta, os operários conquistaram todos os atrasados em parcela única, paga na semana passada, com exceção do FGTS que será parcelado em até 5 vezes. A luta contra o fechamento prossegue para garantir o cumprimento do acordo e contra o fechamento da planta.
A Sadefem fabrica torres de aço para transmissão de eletricidade e é controlada pelo grupo IESA/INEPAR, que acaba de fechar um contrato com a Petrobrás no valor de 620 milhões de reais. Isso comprova que o grupo não passa por crise econômica e que o fechamento da planta de Jacareí tem como fim reestruturar a produção para simplesmente aumentar o lucro de seus gananciosos acionistas. Estes senhores não se incomodam em colocar 400 pais de família no olho da rua. Muitos trabalhadores não estavam conseguindo suprir as necessidades básicas de suas casas como alimentação e o pagamento de contas de água, luz e gás, sobrevivendo de bicos, doações e empréstimos.
A justiça, pressionada pela opinião pública, decretou o bloqueio das contas da Sadefem em fevereiro para impedir que o grupo sacasse o dinheiro antes do pagamento dos débitos trabalhistas. Já o prefeito petista Hamilton Mota fez a doação de 150 cestas básicas, número totalmente insuficiente para atender as famílias dos operários. O clima da população na cidade tornou-se de revolta, o que obrigou o juizado a negar o pedido de reintegração de posse feito pela empresa enquanto durava a ocupação, alegando, no processo, que é de conhecimento público o descaso da empresa com os trabalhadores.
O governo Dilma Roussef, que acaba de prorrogar as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, que venceriam entre 2015 e 2017, para beneficiar os empresários que já dominam este setor, nada fez para garantir os empregos dos operários da Sadefem, uma empresa estratégica do ramo. Pelo contrário, cortou até 32% das contas de luz das indústrias brasileiras através da isenção de impostos e reduziu 75% do orçamento do Programa Luz para Todos que serve para levar luz às comunidades mais marginalizadas.
Os operários da Sadefem realizaram uma experiência de controle operário muito rica e que deve servir de exemplo neste período em que a indústria brasileira apresenta sinais contraditórios de recessão. As empresas que tiverem baixa produção ou decretarem fechamento de plantas não vacilarão em realizar demissões em massa e em não pagar direitos trabalhistas. Os governos, a serviço dos capitalistas, nada farão para que sejam respeitados estes direitos. Os trabalhadores devem compreender que o poder da produção está em suas mãos. Os operários da Sadefem chegaram a produzir mais de R$ 120 mil durante a vigília e distribuíram o dinheiro da venda sem a necessidade de entregar lucros aos patrões. É preciso apoiar e seguir exemplos de luta como esse. A luta da Sadefem continua.
O que é controle operário?
O exemplo da Sadefem retoma a ideia de controle operário da produção. Essa ideia começou a ser desenvolvida no início do século passado em um momento de grandes lutas e com o objetivo de passar às mãos dos trabalhadores o controle sobre a produção nos locais de trabalho. Na Argentina, já no início dos anos 2000 e em meio a uma crise econômica e política de enormes proporções, foram iniciadas diversas experiências bem sucedidas em que os trabalhadores e trabalhadoras tomavam o controle nos locais de trabalho e geriam, conjuntamente, a força de trabalho e a comercialização das mercadorias e dos bens produzidos.
Existem diversas formas e distintas experiências de controle das fábricas pelos trabalhadores. Por exemplo, determinada empresa pode ser controlada totalmente pelos trabalhadores, os quais decidem em assembléia cada passo que será dado, desde o chão de fábrica até a destinação dos bens produzidos, passando pela aquisição da matéria-prima necessária e pelo gerenciamento dos recursos produzidos. Esta experiência é chamada de gestão operária e costuma estar aliada à luta pela estatização da empresa e ao controle gerencial pelos operários. De outro lado, há experiências em que o patrão mantém a propriedade da empresa, porém fica subordinado às decisões da maioria operária.
Historicamente, a gestão das fábricas é um importante instrumento para a luta dos trabalhadores. Desta forma, é possível comprovar na prática que não são necessários patrões para tocar a produção, inclusive a experiência demonstra que aumentam os salários dos trabalhadores, que não precisam entregar uma gigantesca parte dos lucros aos capitalistas.
Os próprios trabalhadores, lutando contra o fechamento e a exploração imposta pelos patrões, têm condições plenas de buscar a forma de gestão que mais lhes interessa. Sabemos que o capitalismo é um sistema baseado na exploração de muitos em favor do enriquecimento de poucos. Assim, tomar para si as ações dentro da produção fortalece a luta e amplia as possibilidades dos lutadores e lutadoras.
O exemplo da Sadefem é muito importante, especialmente neste momento de crescente crise econômica mundial e fortes ataques às condições de vida e emprego, onde a classe trabalhadora se coloca à frente do seu destino e demonstra com força que é possível gerir a nossa sociedade livre de patrões e de toda forma de opressão e de exploração.
Toda solidariedade aos trabalhadores da Sadefem/TT Brasil!
Dilma e prefeito Hamilton (PT): Intervenham contra o fechamento da planta de Jacareí!
Retirado do Site do PSTU
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