Dirigente do MST brutalmente executado no Rio |
Cícero era um lutador aguerrido que não media esforços em construir unidade dos trabalhadores do campo e da cidade, bem como com a juventude. Defensor da prática da agroecologia era uma referência para estudantes e feirantes com a produção de seus alimentos. Nas principais lutas em nossa cidade, fossem do MST ou dos estudantes, lá estava Cícero levando sua solidariedade, militância e liderança. Foi assim na marcha em defesa da aplicação de 10% do PIB para a educação pública onde, liderando uma caravana do MST, se somou aos estudantes e servidores das instituições de ensino de Campos.
Quem teve o privilégio de conviver com Cícero, como a professora Juliana Tavares do IFF, dá seu depoimento destacando a importância de sua militância: “Conheci o Cícero na feirinha da roça do MST e me lembro que fiquei impressionada com aquela figura tão imponente e ao mesmo tempo tão doce. Pude conhecê-lo melhor quando entrei no movimento estudantil da UENF. O Cícero estava sempre presente nos apoiando nas reuniões e manifestações, como a que fizemos na BR101. Quando eu entrei pro IFF também pude contar com seu apoio em uma manifestação pela educação” .
Mas o covarde assassinato de Cícero não ficará impune. Esse crime é fruto da política de beneficiamento aos latifundiários e grandes empresas de nosso país. Quando os militantes dos movimentos sociais não são assassinados covardemente, são perseguidos e criminalizados como aconteceu há um ano na comunidade do Pinheirinho em São José dos Campos/SP, ou com os operários da construção da usina de Belo Monte no Pará, presos por reivindicar melhores salários e condições de trabalho mais dignas. É preciso que se diga que a morte de Cícero não é um fato isolado. Cada vez mais observamos uma crescente onda de ataques aos que lutam, e esses ataques tem a conivência dos governos federal, estadual e municipal.
Em Campos dos Goytacazes é recorrente a denúncia de trabalho escravo e de exploração do trabalho infantil, e a prefeitura dos Garotinhos nada faz, sendo conivente com essa prática dos latifundiários. É nítido que também a falta de segurança no campo é um estímulo a mais para que os coronéis contratem seus matadores de aluguel. Também é preciso responsabilizar o governo do PT, que reverteu a desapropriação das terras onde Cícero foi assassinado e devolveu aos antigos proprietários.
As terras da Usina Cambayba, onde se localiza o assentamento Oziel Alvez, de onde saía Cícero em direção à sua residência no assentamento Zumbi dos Palmares, também tem sua história manchada com o sangue dos militantes que lutaram contra a ditadura militar. Recentemente revelou-se que os fornos de Cambahyba foram usados para incinerar corpos de 10 militantes políticos durante a ditadura militar brasileira. A confissão do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra, consta no livro “Memórias da uma guerra suja” e foi divulgada por toda a imprensa. Como se pode perceber, existem motivos de sobra para que o governo Dilma reveja a situação dessas terras e garanta que a Justiça Federal desaproprie-as para que sejam garantidas a subsistência de centenas de famílias que produzem.
O PSTU se solidariza com os familiares de Cícero e com os companheiros do MST, se colocando inteiramente à disposição para que mais esse crime não fique impune. A luta de Cícero é a luta de todo militante e ativista campista e continuará viva para continuarmos nossa marcha contra os latifundiários e burgueses de nossa cidade. Cícero presente!
Retirado do Site do PSTU
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