quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Bancários de todo o país cruzam os braços por salários e direitos

Cinco maiores bancos do país lucraram juntos R$ 46 bilhões em 2011


Bancários de todo o país cruzaram os braços

Bancários de todo o país cruzaram os braços a partir do dia 18 de setembro. É a resposta dos trabalhadores à intransigência da Federação Nacional dos Bancos (FENABAN), que se nega a atender às reivindicações apresentadas pela categoria.

Os banqueiros são hoje o setor que têm a taxa mais alta de lucratividade do país. Os cinco maiores bancos lucraram R$ 46 bilhões em 2011 ,o que significa, de forma aproximada, 20% sobre o seu patrimônio liquido. Ou seja, em apenas cinco anos, o lucro alcançado possibilita o retorno ao banqueiro de todo o patrimônio investido. Enquanto isso, as 500 maiores empresas do país têm uma taxa de lucratividade bem menor: 8,2%, segundo a revista Exame.

Apesar de estarem ganhando muito, os banqueiros pagam salários cada vez piores aos seus funcionários, e impõem um ritmo de trabalho cada vez mais enlouquecedor. Para se ter uma idéia, em 1995 um bancário do Banco do Brasil tinha um salário médio em torno de 20 salários mínimos e, em 2010, recebia apenas 7,5 salários mínimos. Para aumentar ainda mais a lucratividade, os bancos desrepeitam a lei, burlando a jornada de 6 horas assegurada pela CLT e não garantindo a igualdade de salários e direitos entre antigos e novos funcionários. Nos bancos privados, a rotatividade é altíssima, pois os banqueiros demitem para contratar funcionários mais novos, com salários menores e menos direitos.

 

Salários pioram no governo do PT
 

Durante os governos de Lula e Dilma, o quadro somente se agravou. Os lucros dos bancos são cada vez maiores e superiores aos dos principais setores da economia. No inicio do governo Lula, em 2002, o lucro total do sistema financeiro foi de R$ 20,595 bilhões, passando para R$ 67,134 bilhões em 2010, final do governo. Em 2011, primeiro ano do governo Dilma, o sistema financeiro atingiu o maior lucro de sua história, chegando à cifra dos R$ 72,356 bilhões.

Os salários também pioraram. No começo do governo Lula, um funcionário do BB recebia, em media, 11,2 salários mínimos e, no final do seu governo, recebia 7,5 salários. O mesmo se repetiu nos demais bancos: de 10,4 para 5,9 salários mínimos no Itaú e de 7,1 para 6,9 na Caixa Econômica Federal. Além disso, Lula, e agora Dilma, poderiam evitar o grande número de demissões nos bancos privados, ratificando a convenção 158 da OIT, que proíbe demissões imotivadas, mas não o fizeram. Com isso, continuaram privilegiando os lucros dos banqueiros em detrimento dos trabalhadores.



 

Reação e greve
 

A categoria bancária tem reagido a essa situação. Desde 2003, em todos os anos, a categoria vai à luta, realizando importantes paralisações. Neste ano, não será diferente. A FENABAN ofereceu 6% de reajuste e, no país todo, os bancários rejeitaram essa proposta e decidiram ir à greve por tempo indeterminado a partir do dia 18.

Em todas estas greves, a vanguarda do movimento tem sido os bancos públicos, motivo pelo qual ganham importância as pautas especificas do BB e da CEF. Que passa centralmente pelo cumprimento da jornada de seis horas no BB e pela luta pela isonomia na CEF.

A Articulação Sindical, que dirige a maioria dos sindicatos de bancários do país, não tem o menor interesse em dar peso às pautas específicas do BB e CEF, pois isso significaria ter que bater de frente com o governo que apóiam e dar peso ao setor mais organizado, o que significaria também perder o controle do movimento. Para esconder o governo, devem manter o centro da negociação na mesa única da FENABAN, que reúne bancos privados e públicos.

Um outro entrave imposto pela direção burocrática ao movimento é a falta de democracia, que afasta cada vez mais a base e, consequentemente, enfraquece o movimento. Bancários ligados ao Movimento Nacional de Oposição Bancaria (MNOB), que é filiado à CSP-Conlutas, lutam para envolver o conjunto da categoria na construção do movimento, cobrando da direção assembléias democráticas e comandos de greve abertos, com poder de decidir sobre os rumos do movimento.

Os trabalhadores do Banco do Estado do Pará, o Banpará, estão mostrando o caminho. Contra a vontade de seu sindicato, e passando por cima do calendário do Comando Nacional e da CONTRAF/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), já estão em greve desde o dia 4 de setembro e não aceitam que os parâmetros de seu acordo sejam estabelecidos a partir da mesa única da FENABAN. O sindicato de Florianópolis, apesar de ser filiado à CUT, também dá um exemplo, quando chama a categoria para comandar o movimento, participando do comando de greve, e coloca à sua disposição a estrutura do sindicato.

Para fortalecer a greve, o MNOB defende também a unificação da campanha salarial com outras categorias, como metalúrgicos, petroleiros, químicos e, especialmente, com os trabalhadores dos correios, que também devem iniciar uma greve nos próximos dias.

 

Oposiçao não concorda com a pauta rebaixada da CONTRAF/CUT
 

O Movimento Nacional de Oposição Bancária não aceita a pauta rebaixada estabelecida pelos sindicatos cutistas que estão reunidos na CONTRAF/CUT. Por isso, defendem uma pauta alternativa, apresentada aos banqueiros pelos sindicatos do Rio Grande do Norte, Maranhão e Bauru. Nela, exigem a reposição das perdas salariais dos bancos privados e públicos, volta do antigo Plano de Cargos e Salários do Banco do Brasil e PLR linear, dentre outras bandeiras que todo o movimento sempre defendeu, mas que as entidades governistas abandonaram depois da eleição de Lula.


Retirado do Site do PSTU

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