quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sobre o abandono da luta armada pelo ETA

Leia a nota da Corriente Roja, seção da LIT-QI na Espanha, sobre o recente anúncio de deposição das armas pelo grupo basco


Representantes do ETA anunciam fim da luta armada
O anúncio do ETA de “encerrar, por definitivo, a atividade armada” foi recebido como uma grande e animadora notícia, ainda que tal análise parta de visões diferentes da realidade. Nós, da Corriente Roja, saudamos calorosamente esta decisão.

José Zapatero, o governo de conjunto, o PP [Direita] e seu coro midiático não poupam falas no sentido de afirmar “que acabou o terrorismo, mas não memória”, exigem “que não haja contrapartidas” e consideram uma infâmia falar de anistia para os presos bascos.

É, no mínimo, estranha a posição destes democratas frente ao anúncio do ETA, quando, na época da Transição, falavam de “reconciliação nacional”, “esquecer o passado” e de “perdão e generosidade” e acordaram deixar impunes os ladrões, torturadores, militares, juízes e responsáveis políticos da ditadura franquista, muito dos quais se transformaram em “democratas por toda a vida”. Muitos destes “democratas” que, 35 anos depois, seguem considerando uma aberração falar de memória histórica, são os mesmos que, agora, se levantam como defensores da “memória”.

A verdade é que todo este coro estridente não tem outra pretensão senão a de confundir o abandono da luta armada, por parte do ETA, com um suposto abandono das reivindicações democráticas por parte do povo basco.

É por isso que nossa alegria tem um significado oposto a da destes fariseus. Porque a decisão do ETA vem quando dezenas de milhares de bascos saem às ruas, somando-se à luta operária e popular por direitos sociais e democráticos. Quando centenas de milhares tomam as ruas de todo o país e enfrentam banqueiros e governos que declararam uma guerra social contra o povo. É por isso que seguimos a gritar que estes “não nos representam”.

O abandono da atividade armada abre o caminho para que a ação das massas e unidade dos trabalhadores e povos de toda a Espanha, centro da luta política, ocupe o lugar que sempre deveria ocupar. Este é o único caminho para conseguir os direitos nacionais da nação basca e a liberdade dos presos políticos.

Nestes momentos de “transição” no país Basco, convém não esquecer, nem por um momento sequer, a história da mal chamada Transição democrática, que passou por cima dos direitos nacionais e sociais, frustrou as ilusões da classe operária e do povo e instaurou o atual regime monarca de dois partidos.

O coro destes fariseus não reduzirá esforços para domesticar a esquerda basca, assim como fizeram com o PCE e os dirigentes da CCOO e da UGT [Centrais sindicais]. A luta política e necessária para obter a legalização e a presença da esquerda basca no Parlamento será um passo progressivo para todos, se esse empenho estiver ligado à luta contra os planos de miséria dos banqueiros, governos e da União Européia. Tal esforço também deve está colado à defesa do direito de autodeterminação do País Basco e a liberdade dos presos políticos. Para esta batalha, a unidade de toda a classe trabalhadora e dos povos do Estado espanhol, diante deste regime de falsa democracia, constitui o único e justo caminho para que não se repita a experiência do período da Transição.


Coordenação Nacional da Corriente Roja
21 de Outubros de 2011


Retirado do Site do PSTU

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