quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ministro da Agricultura é o quarto ministro a cair no governo Dilma

Crise no governo desmascara 'faxina' de Dilma


Agência Brasil
Ex-ministro Wagner Rossi
Após inúmeras denúncias de corrupção o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), entregou no início da noite desse dia 17 a sua carta de demissão à presidente. Torna-se assim o quarto ministro a cair em apenas 8 meses de governo Dilma. A queda de Rossi foi o desfecho de poucos dias de uma sucessão avassaladora de irregularidades no ministério. Suspeita-se que o ministro tenha jogado a toalha temeroso que alguma denúncia mais grave esteja sendo preparada.

As revelações passam por irregularidades na Companhia Nacinal de Abastecimento (Conab), cobrança de propinas, contratos fraudados com o ministério e o recebimento de privilégios de empresas ligadas ao agronegócio.


Avalanche de denúncias

As denúncias são numerosas e envolvem até desvio de alimentos. Segundo a revista Veja, o Conab doou 100 toneladas de feijão à prefeitura de João Pessoa (PB) em 2007. O então prefeito, Ricardo Coutinho (PSB), porém, estocou o alimento para distribuí-lo durante as eleições de 2008. Hoje ele é o governador do estado.

Outra denúncia é a da atuação do lobista Júlio Fróes. A audácia não deixa de impressionar. O representante do agronegócio teria uma sala, equipada com computador e telefone, no ministério para negociar propina em contratos firmados pela pasta. O servidor que comandava as licitações e que denunciou a atuação do lobista, Israel Batista, havia sido afastado do ministério.

A gota d’água foi a revelação de que o ministro e seu filho, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB), presidente do PMDB paulista, utilizavam um jatinho de uma empresa, a Ourofino Agronegócios, de Ribeirão Preto. O avião ficava todo o tempo à disposição dos políticos. Em depoimento ao Senado, Rossi confessou a “carona” no jatinho, o que não é permitido aos ministros. A empresa mantinha negócios com o ministério. Ganhou uma licença para fabricar vacinas contra a febre aftosa e fornecia o produto ao governo, negócio que a fez dobrar o patrimônio em poucos meses.

Wagner Rossi, desde abril de 2010 no comando da Agricultura, é um notório representante do agronegócio. Ele e seu filho sempre tiveram suas campanhas eleitorais bancadas por fazendeiros e empresas ligadas ao setor.


O mito da ‘faxina’ de Dilma

A série de demissões que o governo Dilma sofreu após as revelações de esquemas de corrupção na Casa Civil, no ministério dos Transportes e, mais recentemente, Turismo, levantou a bola para que setores da mídia e do próprio governo alardeassem uma suposta “faxina” comandada por Dilma no governo. As demissões, nessa versão, mostrariam pulso firme da presidente no trato com a corrupção.

A realidade, no entanto, é bem outra. Tirando o caso do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, demitido após atacar membros do governo, Dilma prestou apoio e solidariedade até o último momento aos acusados. No caso de Wagner Rossi, Dilma divulgou nota lamentando a decisão e, segundo fontes divulgadas pela imprensa, teria chegado a chorar ao tomar conhecimento da saída do ministro.

Longe de fazer qualquer “faxina”, o governo Dilma sustenta alianças com setores fisiológicos e notoriamente corruptos. Foi assim com o PR nos Transportes e agora com o PMDB na Agricultura. Se o Partido da República, porém, jogava um peso secundário na base aliada, apesar de dirigir uma pasta com bilhões, o PMDB é visto como fundamental e prioritário por Dilma para garantir a tal “governabilidade”. Wagner Rossi, um dos principais quadros do partido, era ministro na cota do vice-presidente Michel Temer. Seu filho, Baleia Rossi, também envolvido em denúncias, preside o PMDB em São Paulo e estava sendo preparado para cumprir uma função de renovação da imagem desgastada da sigla.

O governo não só não combate a corrupção, como sustenta setores corruptos e, imerso na lógica das relações espúrias entre setor público e privado, acaba por protagonizar escândalos recorrentes. A queda dos quatro ministros de Dilma , longe de ser um expurgo do governo, é o agravamento de uma crise provocado pela revelação de casos de corrupção e da relação cada vez mais problemática entre o Planalto e a imensa base aliada, faminta por cada vez mais cargos e benesses.


Farsa da ‘Frente contra corrupção’ e o PSOL

Nesse dia 15 o senador Pedro Simon (PMDB-RS) lançou no Congresso uma frente parlamentar “suprapartidária” para apoiar a suposta faxina de Dilma. Uma jogada de marketing para apoiar a imagem de “combate à corrupção” de Dilma e para demonstrar que o Senado estava ao seu lado nessa cruzada. Aproveita ainda a boa popularidade que Dilma mantém nas pesquisas.

Que o Senado, palco de uma série de casos de corrupção a começar pelo seu presidente, tente navegar de forma oportunista nessa história não é de se espantar. O que estranha é a atuação do senador do PSOL, Randolfe Rodrigues, do Amapá. O senador não só integrou a frente como declarou publicamente apoio à Dilma. “Eu apoio a presidente Dilma para tirar de seu governo o pior tipo de ladrão, que não é o ladrão de galinha, mas o ladrão do dinheiro público, que rouba os sonhos da nação”, discursou o senador.


Retirado do Site do PSTU

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