Ingleses lutam contra o corte de pessoal no serviço público
Ficou claro no processo de construção do 26 de março que a manifestação ia ser enorme. Sindicatos de todo o país se mobilizaram e fretaram trens e ônibus para seus membros e suas famílias.
O clima no dia foi de carnaval, mas também teve algo de poderoso e histórico, com um amplo setor dos trabalhadores do serviço público, atores, parteiras e até motoristas de táxi, que se reuniram em uma demonstração de força contra os cortes. Foi incrível ver, havia mais de mil cartazes, balões e faixas, todos exigindo o mesmo – não aos cortes. As pessoas mostraram sua raiva e desgosto com os banqueiros e os bilionários, os ricos e as instituições financeiras que criaram a crise. Elas veem os cortes como um ataque puro à classe trabalhadora, enquanto os ricos ficam cada vez mais ricos.
Mais de 500 mil manifestantes foram de Embankment até o Hyde Park por mais de cinco horas, mas muitos não conseguiram ir até o Hyde Park porque precisaram tomar o transporte a tempo para chegar em casa.
É apenas o começo
No parque, cerca de 100 mil ouviram os oradores, e muitos outros se juntaram às reuniões não-oficiais, enquanto uma grande parte ficou em Trafalgar Square. A grande maioria das pessoas não viu o dia como o fim da campanha, mas o início e, quando Mark Serwotka, líder do Sindicato de Serviços Públicos e Comerciais, disse “olhem a seu redor neste parque. Imaginem o que seria se não só marchássemos juntos, mas entrássemos em greve em conjunto”, recebeu gritos de apoio. Len McCLuskey, secretário-geral do sindicato Unite, foi aplaudido quando disse que a demonstração “deve ser apenas o começo” e exortou todos a “continuar a luta, incluindo a greve coordenada no setor industrial”.
Trabalhismo não é a alternativa
Para surpresa de muitos sindicalistas, Ed Miliband, o líder do Partido Trabalhista, foi convidado a falar. Sem surpresa, ele assumiu a mesma posição da maioria dos dirigentes sindicais, isto é, os cortes são muito profundos e muito rápidos, e os trabalhadores devem agora aguardar um governo trabalhista. Miliband foi vaiado quando disse “precisamos de alguns cortes, mas este governo está indo longe demais”.
Por um lado, o Partido Trabalhista, com o apoio do TUC (uma federação de sindicatos), queixa-se com palavras do nível de cortes, mas nos bairros da classe trabalhadora de todo o país, conselhos trabalhistas estão devastando comunidades e deixando pessoas desesperadas à medida que empregos são cortados e os serviços desaparecem. Em uma traição à classe trabalhadora, esses conselhos se opõem a qualquer luta séria contra os cortes e não querem ver mais mobilizações.
No dia 26 de março o Unison, sindicato do setor público, mobilizou o maior bloco de manifestantes, que carregaram mais de 200 bandeiras no dia. No entanto, o líder daquele sindicato, Dave Prentis, disse ao falar da tribuna: “Vamos marchar aos milhares e votar aos milhões para enterrar a coalizão deles de uma vez por todas.” O efeito dos cortes no serviço público será devastador, mas Prentis não fez nenhum apelo à ação coletiva, apenas para protestos locais.
Protestos não vão parar este violento ataque à classe trabalhadora, é necessário agora fazer greve e mobilizações de massa. A maioria dos manifestantes reconheceu isso e, se os líderes sindicais não quiserem, terão de ser substituídos. Se eles não estão dispostos a fazer seu trabalho de representar os interesses da classe trabalhadora, então eles devem ir embora.
O dia 26 de março foi significativo porque a maioria do TUC, no congresso de setembro de 2010, defendeu que seus membros não estariam prontos para uma manifestação contra os cortes até o final de março de 2011. No entanto, os protestos impressionantes contra o aumento das anuidades na educação e os cortes, liderados pelos alunos em novembro de 2010, provaram que isso estava completamente errado. O dia 26 de março foi claramente organizado para coincidir com as eleições locais de 5 de maio.
Antes da manifestação houve anúncios conselho após conselho, incluindo todos aqueles com liderança do Partido Trabalhista, de cortes generalizados e brutais. Então, de repente, no mês de março, muitas pessoas, de famílias jovens aos mais velhos, ouviram que muitos dos serviços que elas usam ou dependem vão fechar, sofrer severos cortes ou serão cobrados, exigindo que as pessoas encontrem dinheiro que elas não têm. Isso também significou que um milhão de empregos no setor público em todo o país desapareceria.
Então milhares em todo o país tomaram as ruas e fizeram lobby em seus conselhos locais e prefeituras, mas foram ignorados. Visivelmente, no entanto, as bandeiras dos sindicatos e do Partido Trabalhista estavam ausentes. A consequência dos cortes é que, a partir de 1º de abril, muitos vão começar a sentir o impacto direto dos cortes e não haverá uma família de classe operária que não será afetada de alguma maneira. Todo mundo irá experimentar uma queda significativa no seu padrão de vida.
Os principais sindicatos são Unison e Unite, cujos líderes estão próximos do Partido Trabalhista e têm sido um entrave para desenvolver ações grevistas, ao negociarem apoio aos cortes nos conselhos apenas com palavras de protesto. Estes sindicatos terão de romper com a política do Partido Trabalhista de não mobilizar.
Detenções por motivos políticos
O movimento UK Uncut, que organizou muitos protestos e ocupações pacíficos, criativos, teatrais e descontraídos, se juntou à manifestação de 26 de março. Eles foram a Piccadilly para ocupar Fortnum and Mason, uma loja de alimentos de luxo, e lá dentro “cantaram músicas, leram livros e jogaram cartas, enquanto os clientes continuaram a ver as prateleiras e tomar chá no café”. Como todas as ações anteriores do UK Uncut, foi um protesto totalmente pacífico.
O UK Uncut chamou a atenção pública para a sonegação de impostos e estratégias para evitar os impostos por parte das grandes empresas e bancos, quando tem sido dito a todos nós que não existe opção além de cortar os serviços e empregos dos trabalhadores.
Como muitos donos de empresas grandes (Topshop e Vodafone, para citar algumas), o dono da Fortnum and Mason, o Wittington Investiments, se esquiva de 10 milhões de libras em impostos todos os anos. Isso destaca as mentiras e a hipocrisia do governo, que pensa que pode nos enganar ao dizer “estamos todos juntos nisso”.
Quando os manifestantes deixaram a loja, dezenas deles foram presos e soltos um por um, depois de fotografados, algemados e presos. Os detidos foram presos por mais de 20 horas, tiveram suas roupas e celulares confiscados e lhes foi negado o direito de protestar num futuro próximo.
A classe dominante está claramente nervosa quanto ao desenvolvimento da campanha do UK Uncut, assim, por meio de “batalhões especiais de homens armados”, o Estado exerceu o poder e prendeu 138 manifestantes. Esta prisão em massa é um ataque sem precedentes ao direito de protestar e é sem dúvida uma tentativa política de minar seu sucesso e distrair a atenção, longe dos sonegadores e dos ricos, que causaram a crise. Este é um ato de opressão contra a classe trabalhadora para intimidar e criminalizar os manifestantes e para limitar os direitos a todo tipo de protesto.
Em sua análise do Estado e do poder estatal, Engels disse: “Porque o estado surgiu da necessidade de segurar os antagonismos de classe em cheque, mas porque ele surgiu, ao mesmo tempo, no meio do conflito dessas classes, ele é, como regra geral, o Estado da classe mais poderosa e economicamente dominante, que, através da mediação do Estado, torna-se também a classe politicamente dominante e adquire novos meios de reter e explorar a classe oprimida...” (A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, 1884).
A ISL apoia totalmente as ações do UK Uncut e daqueles que, em meio à pressa do Estado para prender e processar, foram feitos de “bodes expiatórios” políticos. É importante para o movimento sindical exigir a supressão de todas as acusações e imediatas desculpas.
O que vem a seguir? Greve coordenada e conjunta
A mensagem do dia 26 de março foi convocar uma alternativa. Mas a alternativa que está sendo proposta pelo TUC não é suficiente, e muitos na manifestação pediram que o TUC organizasse futuras ações. A ISL distribuiu panfletos esclarecendo que fomos contra todos os cortes, chamando uma greve coordenada e conjunta. Isso foi aprovado por todos que pararam e leram o nosso material, na medida em que ninguém tinha a ilusão de que aquela manifestação pararia o governo e todos reconheceram que ações no setor industrial terão que inevitavelmente continuar.
O Partido Socialista está chamando uma greve geral do setor público, mas não há praticamente um sindicato que organize unicamente no setor público. Muitos dos serviços de hospitais, educação e município estão privatizados ou dirigidos por grupos “sem fins lucrativos”. Por exemplo, uma das entidades mais militantes, o sindicato de transportes RMT, organiza seus membros nas centenas de empresas privadas que dirigem agora as ferrovias. A ISL acredite que tal chamado é parcial e esquece o ponto crucial de que muitos serviços públicos são explorados por empresas privadas, e que os planos para a privatização dos serviços públicos são maiores do que nunca, e os sindicatos devem assumir esta luta para defender os serviços públicos.
O ataque aos desempregados já começou
O ataque aos benefícios já começou e aqueles que os recebem já estão sofrendo. No entanto, em 1º de abril 18 bilhões de libras foram cortadas de benefícios, o que intensificará um regime já autoritário. Na tentativa de cortar benefícios, alvos estão sendo criados para sancionar as pessoas pelas razões mais triviais, em particular os jovens. Quando um requerente é sancionado o benefício Job Seekers Allowance (para procurar emprego) é interrompido (também, automaticamente o subsídio de habitação é interrompido) por longos períodos de até seis meses.
Isso está acontecendo quando os requerentes chegam atrasados para as entrevistas, não podem comparecer devido a doença ou outras razões menos “sérias”. Requerentes estão sofrendo cada vez mais de depressão, falta de moradia e são dependentes de cestas básicas.
A vida é dura o suficiente para os desempregados e aqueles que recebem benefícios, mas agora eles vivem com medo de receber uma “carta marrom” através da porta anunciando que foram sancionados. Como o desemprego inevitavelmente aumenta e as políticas de cortes são colocadas em movimento, estes ataques serão intensificados e o Estado e suas instituições, como a mídia, irão explorar todas as oportunidades para legitimar suas ações.
O bode expiatório e os estereótipos de imigrantes, trabalhadores e aqueles que recebem benefícios devem ser refutados e atacados porque sua única finalidade é dividir os trabalhadores e tirar o foco da culpa pelos cortes da rica classe dominante, quem é responsável pela crise. Os sindicatos e a classe trabalhadora devem organizar os desempregados para lutar pelo direito ao trabalho e aos benefícios para todos.
Necessidade pública, não à ganância privada
Em abril, o governo entregou vários contratos multimilionários a 16 empresas do setor privado e duas organizações voluntárias “... para levar de volta ao trabalho os 850 mil que estão desempregados há um ano”. Em um período de desemprego elevado e crescente, com cortes de benefícios sociais e onde há uma crescente cultura de sancionar os requerentes, entregar serviços ao setor privado só servirá para aumentar ainda mais a opressão e o controle da classe trabalhadora.
Ken Clarke, ministro da Justiça, acaba também de anunciar a primeira privatização de uma prisão do setor público, em Birmingham. Isso é totalmente desaprovado pela Associação de Oficiais Prisionais, e o ministro já disse que tem planos de contingência para o uso militar se os agentes penitenciários fizerem greve. A associação está enfrentando intensa pressão e ameaças extremas do Ministério da Justiça e dos seus empregadores e deve ser apoiada pelos sindicalistas.
A palavra de ordem do governo capitalista é – “deixe reinar as forças de mercado”, e as pessoas da Grã-Bretanha estão apenas começando a ver o que isso realmente significa. É apenas mais uma tentativa de implementar o que a classe dominante tem tentado fazer desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ou seja, controlar a classe trabalhadora e alterar a relação de forças de classe a um grau tal que eles serão capazes de acabar com todos os serviços públicos e colocá-los nas mãos das empresas privadas. A primeira grande tentativa para conter o grande poder da classe trabalhadora foi na década de 1960, pelo governo trabalhista de Harold Wilson. Agora, mais de 40 anos mais tarde, o governo de coalizão está tentando concluir esse plano.
A crise dos gananciosos
Desde 2008 o capitalismo está mergulhado em uma profunda crise mundial. A crise na Grã-Bretanha foi construída ao longo de muitos anos com os políticos corruptos e banqueiros gananciosos utilizando um sistema europeu e internacional desregulado. O frenesi especulativo referiu-se a isso como “globalização”, mas o imperialismo tenta bloquear a explosão inevitável de contradições entre as forças produtivas e a propriedade privada. É por isso que os cortes estão sendo forçados, mas é uma crise pela qual os banqueiros e os bilionários superricos devem pagar, e os trabalhadores não estão cegos para essa realidade.
A classe trabalhadora deve assumir o controle
Se dermos à classe dominante uma estrada aberta, nós nos encontramos frente a condições de opressão e depressão como nos anos 1930. Só greves, ocupações e mobilizações militantes impedirão as consequências de tal futuro sombrio. O capitalismo britânico está tentando salvar-se ao extrair a maior mais-valia possível da classe trabalhadora tão rápido quanto possível, mas isso também apressa a próxima quebra.
Há uma raiva crescente nos locais de trabalho e nas comunidades, e o dia 26 de março mostrou isso. Pouco antes da manifestação em Londres, 120 mil universitários e trabalhadores de universidades se uniram em uma greve nacional contra os cortes na educação. Outras greves também estão a caminho, mas as lideranças sindicais terão de ser combatidas.
As comunidades mobilizaram para protestar contra os cortes nos serviços em toda a Grã-Bretanha, mas elas ainda não transformaram este protesto em ação. Uma série de assembleias anticortes tem sido organizadas, com suporte e participação da ISL, que procurará aprofundar as ligações entre os sindicatos, trabalhadores e campanhas baseadas nas comunidades.
As eleições para os conselhos locais devem ser usadas para incitar o apoio a campanhas nacionais e locais anticorte. Em uma coalizão de sindicalistas e grupos socialistas, a ISL está apoiando candidatos nas eleições de maio com a perspectiva de desenvolver uma luta contra todos os cortes, com uma mensagem declarando que a única alternativa é uma alternativa socialista.
A alternativa no dia 26 de março não foi o Partido Trabalhista, que representa desmoralização e derrota. A única alternativa é unir todas as lutas em um único movimento de massa contra o governo. A alternativa é o socialismo.
Sindicatos – lutar pela sua classe contra os cortes nos empregos, benefícios e serviços
Unir comunidades e sindicatos contra os cortes
Direito ao trabalho para todos
Direito a benefícios para todos
Que os ricos paguem pela crise
Retirado do Site do PSTU
Ficou claro no processo de construção do 26 de março que a manifestação ia ser enorme. Sindicatos de todo o país se mobilizaram e fretaram trens e ônibus para seus membros e suas famílias.
O clima no dia foi de carnaval, mas também teve algo de poderoso e histórico, com um amplo setor dos trabalhadores do serviço público, atores, parteiras e até motoristas de táxi, que se reuniram em uma demonstração de força contra os cortes. Foi incrível ver, havia mais de mil cartazes, balões e faixas, todos exigindo o mesmo – não aos cortes. As pessoas mostraram sua raiva e desgosto com os banqueiros e os bilionários, os ricos e as instituições financeiras que criaram a crise. Elas veem os cortes como um ataque puro à classe trabalhadora, enquanto os ricos ficam cada vez mais ricos.
Mais de 500 mil manifestantes foram de Embankment até o Hyde Park por mais de cinco horas, mas muitos não conseguiram ir até o Hyde Park porque precisaram tomar o transporte a tempo para chegar em casa.
É apenas o começo
No parque, cerca de 100 mil ouviram os oradores, e muitos outros se juntaram às reuniões não-oficiais, enquanto uma grande parte ficou em Trafalgar Square. A grande maioria das pessoas não viu o dia como o fim da campanha, mas o início e, quando Mark Serwotka, líder do Sindicato de Serviços Públicos e Comerciais, disse “olhem a seu redor neste parque. Imaginem o que seria se não só marchássemos juntos, mas entrássemos em greve em conjunto”, recebeu gritos de apoio. Len McCLuskey, secretário-geral do sindicato Unite, foi aplaudido quando disse que a demonstração “deve ser apenas o começo” e exortou todos a “continuar a luta, incluindo a greve coordenada no setor industrial”.
Trabalhismo não é a alternativa
Para surpresa de muitos sindicalistas, Ed Miliband, o líder do Partido Trabalhista, foi convidado a falar. Sem surpresa, ele assumiu a mesma posição da maioria dos dirigentes sindicais, isto é, os cortes são muito profundos e muito rápidos, e os trabalhadores devem agora aguardar um governo trabalhista. Miliband foi vaiado quando disse “precisamos de alguns cortes, mas este governo está indo longe demais”.
Por um lado, o Partido Trabalhista, com o apoio do TUC (uma federação de sindicatos), queixa-se com palavras do nível de cortes, mas nos bairros da classe trabalhadora de todo o país, conselhos trabalhistas estão devastando comunidades e deixando pessoas desesperadas à medida que empregos são cortados e os serviços desaparecem. Em uma traição à classe trabalhadora, esses conselhos se opõem a qualquer luta séria contra os cortes e não querem ver mais mobilizações.
No dia 26 de março o Unison, sindicato do setor público, mobilizou o maior bloco de manifestantes, que carregaram mais de 200 bandeiras no dia. No entanto, o líder daquele sindicato, Dave Prentis, disse ao falar da tribuna: “Vamos marchar aos milhares e votar aos milhões para enterrar a coalizão deles de uma vez por todas.” O efeito dos cortes no serviço público será devastador, mas Prentis não fez nenhum apelo à ação coletiva, apenas para protestos locais.
Protestos não vão parar este violento ataque à classe trabalhadora, é necessário agora fazer greve e mobilizações de massa. A maioria dos manifestantes reconheceu isso e, se os líderes sindicais não quiserem, terão de ser substituídos. Se eles não estão dispostos a fazer seu trabalho de representar os interesses da classe trabalhadora, então eles devem ir embora.
O dia 26 de março foi significativo porque a maioria do TUC, no congresso de setembro de 2010, defendeu que seus membros não estariam prontos para uma manifestação contra os cortes até o final de março de 2011. No entanto, os protestos impressionantes contra o aumento das anuidades na educação e os cortes, liderados pelos alunos em novembro de 2010, provaram que isso estava completamente errado. O dia 26 de março foi claramente organizado para coincidir com as eleições locais de 5 de maio.
Antes da manifestação houve anúncios conselho após conselho, incluindo todos aqueles com liderança do Partido Trabalhista, de cortes generalizados e brutais. Então, de repente, no mês de março, muitas pessoas, de famílias jovens aos mais velhos, ouviram que muitos dos serviços que elas usam ou dependem vão fechar, sofrer severos cortes ou serão cobrados, exigindo que as pessoas encontrem dinheiro que elas não têm. Isso também significou que um milhão de empregos no setor público em todo o país desapareceria.
Então milhares em todo o país tomaram as ruas e fizeram lobby em seus conselhos locais e prefeituras, mas foram ignorados. Visivelmente, no entanto, as bandeiras dos sindicatos e do Partido Trabalhista estavam ausentes. A consequência dos cortes é que, a partir de 1º de abril, muitos vão começar a sentir o impacto direto dos cortes e não haverá uma família de classe operária que não será afetada de alguma maneira. Todo mundo irá experimentar uma queda significativa no seu padrão de vida.
Os principais sindicatos são Unison e Unite, cujos líderes estão próximos do Partido Trabalhista e têm sido um entrave para desenvolver ações grevistas, ao negociarem apoio aos cortes nos conselhos apenas com palavras de protesto. Estes sindicatos terão de romper com a política do Partido Trabalhista de não mobilizar.
Detenções por motivos políticos
O movimento UK Uncut, que organizou muitos protestos e ocupações pacíficos, criativos, teatrais e descontraídos, se juntou à manifestação de 26 de março. Eles foram a Piccadilly para ocupar Fortnum and Mason, uma loja de alimentos de luxo, e lá dentro “cantaram músicas, leram livros e jogaram cartas, enquanto os clientes continuaram a ver as prateleiras e tomar chá no café”. Como todas as ações anteriores do UK Uncut, foi um protesto totalmente pacífico.
O UK Uncut chamou a atenção pública para a sonegação de impostos e estratégias para evitar os impostos por parte das grandes empresas e bancos, quando tem sido dito a todos nós que não existe opção além de cortar os serviços e empregos dos trabalhadores.
Como muitos donos de empresas grandes (Topshop e Vodafone, para citar algumas), o dono da Fortnum and Mason, o Wittington Investiments, se esquiva de 10 milhões de libras em impostos todos os anos. Isso destaca as mentiras e a hipocrisia do governo, que pensa que pode nos enganar ao dizer “estamos todos juntos nisso”.
Quando os manifestantes deixaram a loja, dezenas deles foram presos e soltos um por um, depois de fotografados, algemados e presos. Os detidos foram presos por mais de 20 horas, tiveram suas roupas e celulares confiscados e lhes foi negado o direito de protestar num futuro próximo.
A classe dominante está claramente nervosa quanto ao desenvolvimento da campanha do UK Uncut, assim, por meio de “batalhões especiais de homens armados”, o Estado exerceu o poder e prendeu 138 manifestantes. Esta prisão em massa é um ataque sem precedentes ao direito de protestar e é sem dúvida uma tentativa política de minar seu sucesso e distrair a atenção, longe dos sonegadores e dos ricos, que causaram a crise. Este é um ato de opressão contra a classe trabalhadora para intimidar e criminalizar os manifestantes e para limitar os direitos a todo tipo de protesto.
Em sua análise do Estado e do poder estatal, Engels disse: “Porque o estado surgiu da necessidade de segurar os antagonismos de classe em cheque, mas porque ele surgiu, ao mesmo tempo, no meio do conflito dessas classes, ele é, como regra geral, o Estado da classe mais poderosa e economicamente dominante, que, através da mediação do Estado, torna-se também a classe politicamente dominante e adquire novos meios de reter e explorar a classe oprimida...” (A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, 1884).
A ISL apoia totalmente as ações do UK Uncut e daqueles que, em meio à pressa do Estado para prender e processar, foram feitos de “bodes expiatórios” políticos. É importante para o movimento sindical exigir a supressão de todas as acusações e imediatas desculpas.
O que vem a seguir? Greve coordenada e conjunta
A mensagem do dia 26 de março foi convocar uma alternativa. Mas a alternativa que está sendo proposta pelo TUC não é suficiente, e muitos na manifestação pediram que o TUC organizasse futuras ações. A ISL distribuiu panfletos esclarecendo que fomos contra todos os cortes, chamando uma greve coordenada e conjunta. Isso foi aprovado por todos que pararam e leram o nosso material, na medida em que ninguém tinha a ilusão de que aquela manifestação pararia o governo e todos reconheceram que ações no setor industrial terão que inevitavelmente continuar.
O Partido Socialista está chamando uma greve geral do setor público, mas não há praticamente um sindicato que organize unicamente no setor público. Muitos dos serviços de hospitais, educação e município estão privatizados ou dirigidos por grupos “sem fins lucrativos”. Por exemplo, uma das entidades mais militantes, o sindicato de transportes RMT, organiza seus membros nas centenas de empresas privadas que dirigem agora as ferrovias. A ISL acredite que tal chamado é parcial e esquece o ponto crucial de que muitos serviços públicos são explorados por empresas privadas, e que os planos para a privatização dos serviços públicos são maiores do que nunca, e os sindicatos devem assumir esta luta para defender os serviços públicos.
O ataque aos desempregados já começou
O ataque aos benefícios já começou e aqueles que os recebem já estão sofrendo. No entanto, em 1º de abril 18 bilhões de libras foram cortadas de benefícios, o que intensificará um regime já autoritário. Na tentativa de cortar benefícios, alvos estão sendo criados para sancionar as pessoas pelas razões mais triviais, em particular os jovens. Quando um requerente é sancionado o benefício Job Seekers Allowance (para procurar emprego) é interrompido (também, automaticamente o subsídio de habitação é interrompido) por longos períodos de até seis meses.
Isso está acontecendo quando os requerentes chegam atrasados para as entrevistas, não podem comparecer devido a doença ou outras razões menos “sérias”. Requerentes estão sofrendo cada vez mais de depressão, falta de moradia e são dependentes de cestas básicas.
A vida é dura o suficiente para os desempregados e aqueles que recebem benefícios, mas agora eles vivem com medo de receber uma “carta marrom” através da porta anunciando que foram sancionados. Como o desemprego inevitavelmente aumenta e as políticas de cortes são colocadas em movimento, estes ataques serão intensificados e o Estado e suas instituições, como a mídia, irão explorar todas as oportunidades para legitimar suas ações.
O bode expiatório e os estereótipos de imigrantes, trabalhadores e aqueles que recebem benefícios devem ser refutados e atacados porque sua única finalidade é dividir os trabalhadores e tirar o foco da culpa pelos cortes da rica classe dominante, quem é responsável pela crise. Os sindicatos e a classe trabalhadora devem organizar os desempregados para lutar pelo direito ao trabalho e aos benefícios para todos.
Necessidade pública, não à ganância privada
Em abril, o governo entregou vários contratos multimilionários a 16 empresas do setor privado e duas organizações voluntárias “... para levar de volta ao trabalho os 850 mil que estão desempregados há um ano”. Em um período de desemprego elevado e crescente, com cortes de benefícios sociais e onde há uma crescente cultura de sancionar os requerentes, entregar serviços ao setor privado só servirá para aumentar ainda mais a opressão e o controle da classe trabalhadora.
Ken Clarke, ministro da Justiça, acaba também de anunciar a primeira privatização de uma prisão do setor público, em Birmingham. Isso é totalmente desaprovado pela Associação de Oficiais Prisionais, e o ministro já disse que tem planos de contingência para o uso militar se os agentes penitenciários fizerem greve. A associação está enfrentando intensa pressão e ameaças extremas do Ministério da Justiça e dos seus empregadores e deve ser apoiada pelos sindicalistas.
A palavra de ordem do governo capitalista é – “deixe reinar as forças de mercado”, e as pessoas da Grã-Bretanha estão apenas começando a ver o que isso realmente significa. É apenas mais uma tentativa de implementar o que a classe dominante tem tentado fazer desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ou seja, controlar a classe trabalhadora e alterar a relação de forças de classe a um grau tal que eles serão capazes de acabar com todos os serviços públicos e colocá-los nas mãos das empresas privadas. A primeira grande tentativa para conter o grande poder da classe trabalhadora foi na década de 1960, pelo governo trabalhista de Harold Wilson. Agora, mais de 40 anos mais tarde, o governo de coalizão está tentando concluir esse plano.
A crise dos gananciosos
Desde 2008 o capitalismo está mergulhado em uma profunda crise mundial. A crise na Grã-Bretanha foi construída ao longo de muitos anos com os políticos corruptos e banqueiros gananciosos utilizando um sistema europeu e internacional desregulado. O frenesi especulativo referiu-se a isso como “globalização”, mas o imperialismo tenta bloquear a explosão inevitável de contradições entre as forças produtivas e a propriedade privada. É por isso que os cortes estão sendo forçados, mas é uma crise pela qual os banqueiros e os bilionários superricos devem pagar, e os trabalhadores não estão cegos para essa realidade.
A classe trabalhadora deve assumir o controle
Se dermos à classe dominante uma estrada aberta, nós nos encontramos frente a condições de opressão e depressão como nos anos 1930. Só greves, ocupações e mobilizações militantes impedirão as consequências de tal futuro sombrio. O capitalismo britânico está tentando salvar-se ao extrair a maior mais-valia possível da classe trabalhadora tão rápido quanto possível, mas isso também apressa a próxima quebra.
Há uma raiva crescente nos locais de trabalho e nas comunidades, e o dia 26 de março mostrou isso. Pouco antes da manifestação em Londres, 120 mil universitários e trabalhadores de universidades se uniram em uma greve nacional contra os cortes na educação. Outras greves também estão a caminho, mas as lideranças sindicais terão de ser combatidas.
As comunidades mobilizaram para protestar contra os cortes nos serviços em toda a Grã-Bretanha, mas elas ainda não transformaram este protesto em ação. Uma série de assembleias anticortes tem sido organizadas, com suporte e participação da ISL, que procurará aprofundar as ligações entre os sindicatos, trabalhadores e campanhas baseadas nas comunidades.
As eleições para os conselhos locais devem ser usadas para incitar o apoio a campanhas nacionais e locais anticorte. Em uma coalizão de sindicalistas e grupos socialistas, a ISL está apoiando candidatos nas eleições de maio com a perspectiva de desenvolver uma luta contra todos os cortes, com uma mensagem declarando que a única alternativa é uma alternativa socialista.
A alternativa no dia 26 de março não foi o Partido Trabalhista, que representa desmoralização e derrota. A única alternativa é unir todas as lutas em um único movimento de massa contra o governo. A alternativa é o socialismo.
Retirado do Site do PSTU
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