Ditador utiliza a orientação pró-imperialista de seu governo para se mostrar confiável ao Ocidente
Em meio à guerra de informações entre o ditador líbio Muammar Kadafi e seus opositores, o que se pode ter certo nos últimos dias é que o governo empreende uma dura contra-ofensiva, pretendendo sufocar o levante sob uma brutal repressão. Com mercenários estrangeiros e grupos paramilitares o ditador, ao que tudo indica, conseguiu conter o avanço dos insurretos à capital Trípoli e, no momento em que Kadafi se via cercado, iniciou uma ofensiva para recuperar as cidades tomadas pela oposição.
Nesse dia 9 os combates se concentraram principalmente nas cidades de Zawiyah, próxima da capital, e na petroleira Ras Lanuf. Em Zawiyah, que fica a 40 quilômetros de Trípoli, as forças de Kadafi avançaram com tanques e repeliram os rebeldes do centro da cidade. Um dos revolucionários afirmou ao jornal português Público que a repressão da ditadura de Kadafi deixou inúmeros mortos. ”Eles atacaram de manhã até à noite. As ruas estão cheias de corpos”, testemunhou.
Já Ras Lanuf, onde está uma das maiores refinarias de petróleo do país, voltou a ser alvo de bombardeios pelos aviões de Kadafi. Os ataques destruíram o sistema de abastecimento de água da cidade, além de terem deixado mortos e feridos. ”Vimos os aviões no céu e ouvimos explosões muito grande e muita fumaça; nossa gente tentou ir lá, mas não conseguiram, ouvimos que há mortos e feridos”, afirmou o rebelde Khaled Kwafi ao canal árabe Al Jazeera. Houve também bombardeios em outras regiões do país.
Impasse
As mobilizações de massa que começaram há 20 dias contra a ditadura de Kadafi, há 41 anos no poder, tomaram forma de guerra civil diante da brutal repressão do governo. De um lado estão os rebeldes, que tomaram grande parte do Leste do país. Contam com vários destacamentos do Exército líbio que desertaram e passaram ao lado da resistência, além de armas roubadas de depósitos do governo.
De outro lado, porém, o ditador se mantém encastelado na capital e tem ao seu lado parte do Exército, mercenários estrangeiros e grupos paramilitares fortemente armados. A força bélica de Kadafi permite que o ditador, por terra, interrompa o avanço dos rebeldes e, por ar, bombardeie as regiões já plenamente conquistadas pelos revolucionários. Ao que tudo indica, no entanto, o ditador parece não contar com um contingente de homens capaz de recuperar as cidades perdidas e mantê-las ocupadas.
Os rebeldes, por sua vez, são obrigados a combaterem com armamento ultrapassado e, constituídos em sua grande maioria por civis, sofrem com o despreparo militar para uma guerra contra o ditador. Apesar disso, desempenham impressionantes demonstrações de heroísmo, muitas vezes adolescentes enfrentando a artilharia pesada de Kadafi de peito aberto e, se muito, com uma kalashnikov nas mãos.
Rebeldes se protegem de ataques aéreos
Estratégias de Kadafi
Muammar Kadafi tenta de todas as formas conter a revolta. Inúmeros relatos à imprensa revelam bombardeios sobre civis e a utilização de escudos humanos durante os ataques contra os rebeldes. Os feridos e mortos dilacerados pelas forças de Kadafi demonstram o poder de fogo empenhado contra os rebeldes.
À população líbia, Kadafi vem denunciando um suposto plano imperialista para recolonizar o país, encabeçado pelas principais potências. Tenta assim aproveitar o sentimento antiimperialista para unificar o país ao seu lado. Para fora, porém, o discurso muda completamente.
Em entrevista ao canal francês TV France 24, nesse dia 7, o ditador afirmou que a Líbia tinha “um papel para a estabilidade internacional”, referindo-se ao combate à rede terrorista Al Qaeda. Afirmou também que o seu país cumpria um papel de conter a imigração de africanos à Europa, dizendo que “se espera que a Líbia impeça que milhares de negros atravessem o Mediterrâneo para ir à Europa, à Itália ou à França”.
Enquanto isso o recém-criado Conselho Nacional da Líbia, espécie de governo provisório dos rebeldes, se divide em relação ao que fazer com Kadafi. Enquanto o seu presidente Mustafá Abdel Jalil, ex-ministro do ditador, deu todas as garantias para Kadafi caso ele renuncie, isentando-o até mesmo de qualquer investigação sobre seus crimes, o porta-voz do Conselho, Abdelhafiz Ghoga, rechaçou qualquer tipo de negociação enquanto o ditador continuar no poder.
Imperialismo
O avanço dos rebeldes sobre a capital líbia já havia provocado a ameaça de invasão pelo imperialismo, capitaneado pelos EUA. Propagandeando o perigo de uma “guerra civil prolongada”, o país deslocou dois navios de guerra com milhares de marinheiros para a costa do país. Agora, com o impasse entre rebeldes e Kadafi, discute-se abertamente a possibilidade de uma intervenção direta na Líbia.
Mesmo que alguns setores rebeldes defendam uma “zona de exclusão aérea”, as massas líbias já deram várias demonstrações de rechaço a qualquer tipo de intervenção. Já os EUA e a Europa vêem com preocupação o prolongamento de uma situação de instabilidade numa região exportadora de gás e petróleo. Ou pior, a vitória dos rebeldes e a formação de um governo que rompa com a orientação pró-imperialista levada por Kadafi na última década.
Se a possibilidade de uma invasão norte-americana parece distante, por um lado, haja visto o desgaste da ocupação militar no Iraque e Afeganistão, por outro a detenção de soldados britânicos por forças rebeldes na Líbia demonstra que a ameaça pode estar muito mais perto do que parece.
No dia 6 de março foi revelado que sete soldados britânicos de elite e um diplomata foram detidos por soldados rebeldes na Líbia. Clandestinos no país, foram presos e expulsos. O governo inglês tentou justificar afirmando se tratar de uma “missão diplomática”.
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Retirado do Site do PSTU
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Já Ras Lanuf, onde está uma das maiores refinarias de petróleo do país, voltou a ser alvo de bombardeios pelos aviões de Kadafi. Os ataques destruíram o sistema de abastecimento de água da cidade, além de terem deixado mortos e feridos. ”Vimos os aviões no céu e ouvimos explosões muito grande e muita fumaça; nossa gente tentou ir lá, mas não conseguiram, ouvimos que há mortos e feridos”, afirmou o rebelde Khaled Kwafi ao canal árabe Al Jazeera. Houve também bombardeios em outras regiões do país.
Impasse
As mobilizações de massa que começaram há 20 dias contra a ditadura de Kadafi, há 41 anos no poder, tomaram forma de guerra civil diante da brutal repressão do governo. De um lado estão os rebeldes, que tomaram grande parte do Leste do país. Contam com vários destacamentos do Exército líbio que desertaram e passaram ao lado da resistência, além de armas roubadas de depósitos do governo.
De outro lado, porém, o ditador se mantém encastelado na capital e tem ao seu lado parte do Exército, mercenários estrangeiros e grupos paramilitares fortemente armados. A força bélica de Kadafi permite que o ditador, por terra, interrompa o avanço dos rebeldes e, por ar, bombardeie as regiões já plenamente conquistadas pelos revolucionários. Ao que tudo indica, no entanto, o ditador parece não contar com um contingente de homens capaz de recuperar as cidades perdidas e mantê-las ocupadas.
Os rebeldes, por sua vez, são obrigados a combaterem com armamento ultrapassado e, constituídos em sua grande maioria por civis, sofrem com o despreparo militar para uma guerra contra o ditador. Apesar disso, desempenham impressionantes demonstrações de heroísmo, muitas vezes adolescentes enfrentando a artilharia pesada de Kadafi de peito aberto e, se muito, com uma kalashnikov nas mãos.
Rebeldes se protegem de ataques aéreos
Estratégias de Kadafi
Muammar Kadafi tenta de todas as formas conter a revolta. Inúmeros relatos à imprensa revelam bombardeios sobre civis e a utilização de escudos humanos durante os ataques contra os rebeldes. Os feridos e mortos dilacerados pelas forças de Kadafi demonstram o poder de fogo empenhado contra os rebeldes.
À população líbia, Kadafi vem denunciando um suposto plano imperialista para recolonizar o país, encabeçado pelas principais potências. Tenta assim aproveitar o sentimento antiimperialista para unificar o país ao seu lado. Para fora, porém, o discurso muda completamente.
Em entrevista ao canal francês TV France 24, nesse dia 7, o ditador afirmou que a Líbia tinha “um papel para a estabilidade internacional”, referindo-se ao combate à rede terrorista Al Qaeda. Afirmou também que o seu país cumpria um papel de conter a imigração de africanos à Europa, dizendo que “se espera que a Líbia impeça que milhares de negros atravessem o Mediterrâneo para ir à Europa, à Itália ou à França”.
Enquanto isso o recém-criado Conselho Nacional da Líbia, espécie de governo provisório dos rebeldes, se divide em relação ao que fazer com Kadafi. Enquanto o seu presidente Mustafá Abdel Jalil, ex-ministro do ditador, deu todas as garantias para Kadafi caso ele renuncie, isentando-o até mesmo de qualquer investigação sobre seus crimes, o porta-voz do Conselho, Abdelhafiz Ghoga, rechaçou qualquer tipo de negociação enquanto o ditador continuar no poder.
Imperialismo
O avanço dos rebeldes sobre a capital líbia já havia provocado a ameaça de invasão pelo imperialismo, capitaneado pelos EUA. Propagandeando o perigo de uma “guerra civil prolongada”, o país deslocou dois navios de guerra com milhares de marinheiros para a costa do país. Agora, com o impasse entre rebeldes e Kadafi, discute-se abertamente a possibilidade de uma intervenção direta na Líbia.
Mesmo que alguns setores rebeldes defendam uma “zona de exclusão aérea”, as massas líbias já deram várias demonstrações de rechaço a qualquer tipo de intervenção. Já os EUA e a Europa vêem com preocupação o prolongamento de uma situação de instabilidade numa região exportadora de gás e petróleo. Ou pior, a vitória dos rebeldes e a formação de um governo que rompa com a orientação pró-imperialista levada por Kadafi na última década.
Se a possibilidade de uma invasão norte-americana parece distante, por um lado, haja visto o desgaste da ocupação militar no Iraque e Afeganistão, por outro a detenção de soldados britânicos por forças rebeldes na Líbia demonstra que a ameaça pode estar muito mais perto do que parece.
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