terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bancários apontam Calendário Nacional de mobilizações em resposta ao imobilismo da CUT

Após várias rodadas de negociação sem nenhuma proposta dos banqueiros e do Governo Lula, o MNOB/Conlutas e Oposições chamam os bancários de todo país a preparar uma forte greve nacional.


Os bancários de todo o país estão diante de uma duríssima luta. Além de enfrentarem a truculência do setor patronal mais poderoso do país e a intransigência do Governo Lula, os trabalhadores bancários ainda são obrigados a lutar contra a subserviência e o colaboracionismo das direções pelegas, que após várias rodadas de negociação com os patrões, sem qualquer proposta, se negam a chamar os trabalhadores para construir as lutas.


Para sair da crise e continuar lucrando, banqueiros aumentam a exploração com o apoio de Lula

O Governo Lula continua seguindo à risca o seu papel de capacho do imperialismo e dos especuladores nacionais e internacionais. Para salvar os banqueiros da crise econômica, Lula decretou no ano passado um pacote de socorro financeiro aos bancos, expresso principalmente na transferência de recursos e numa lei (Medida Provisória 443) que dá liberdade aos principais bancos estatais (Caixa e Banco do Brasil) para comprar ações podres das instituições financeiras à beira da bancarrota. Do ano passado para cá, Lula liberou mais de 160 bilhões ao sistema financeiro, transformando o PROER de FHC (que custou mais de 20 bilhões) numa verdadeira bagatela.

No entanto, esse mega-socorro de Lula não diminuiu a sede dos bancos pelo lucro. Mesmo com uma vultosa ajuda, os banqueiros (e o próprio Governo Lula enquanto patrão dos bancos estatais) continuam intensificando a exploração sobre os bancários. As demissões, o assédio moral e a pressão por metas são os reflexos da necessidade que os patrões têm de continuar com seus níveis absurdos de lucratividade.

É justamente por conta da política pró-banqueiro de Lula e do aumento da exploração, que mesmo diante de uma queda na taxa de lucro de conjunto, os bancos continuam ganhando. A Caixa divulgou no mês de agosto o seu balanço do 1º semestre e registrou um lucro líquido de R$ 706 milhões. O Banco do Brasil alcançou um lucro de R$ 4,01 bilhões, somente no primeiro semestre de 2009. O conglomerado Itaú-Unibanco ultrapassou todas as expectativas e lucrou R$ 4,586 bilhões também somente no primeiro semestre.

Para se ter uma idéia ainda maior do absurdo que significa essa lucratividade, basta dizer que numa pesquisa realizada no mês passado pela Folha de São Paulo, foi constatado que os 21 bancos que apresentaram seus resultados tiveram um lucro líquido de R$ 14,33 bilhões, o que corresponde a quase 25% do total de ganhos de todas as empresas de capital aberto no Brasil. Se dividíssemos toda essa lucratividade linearmente com quem realmente trabalha, cada bancário receberia um valor de aproximadamente R$ 30 mil. Isto significa que os banqueiros conseguem abocanhar ¼ de tudo o que é lucrado no país, sem produzir um único parafuso sequer.

Contraditoriamente, os bancos que operam no Brasil não só não dividem essa lucratividade com os trabalhadores, como fazem questão de esbanjar luxos megalomaníacos. Recentemente, a Caixa custeou uma pomposa viagem à França para 100 empregados da empresa (a maioria executivos e gestores), como “prêmio” por terem alcançado metas astronômicas, ou seja, por um resultado fruto do assédio e da pressão sobre a maioria dos trabalhadores – que não passaram nem perto de Paris.

Mas isto não é tudo. Mesmo com toda a lucratividade, os bancos fecharam 2.224 postos de trabalho somente no primeiro semestre, segundo dados do DIEESE. Além disso, as instituições financeiras utilizaram o mecanismo da rotatividade, demitindo os trabalhadores mais antigos e com maiores salários e direitos. Foram 15.459 demissões contra 13.235 contratações, o que mostra que a palavra de ordem dos banqueiros é arrochar salários, fechar postos de trabalho e explorar os que continuam trabalhando, sob a ameaça do desemprego.

O Governo Lula tem totais condições de por um fim nesse ciclo e reverter esse quadro editando uma lei que assegure o emprego e impeça as demissões, estatizando sob o controle dos trabalhadores o sistema financeiro e todos os bancos que demitirem. Entretanto, a subserviência de Lula frente aos banqueiros (que financiam as campanhas eleitorais do PT) não possibilita isso, pelo contrário, faz com que o Governo, na prática, financie literalmente todas essas demissões e todos os ataques aos trabalhadores bancários.


O papel criminoso da CUT

A Central Única dos Trabalhadores tem total ciência de toda essa realidade, inclusive porque todos os dados acima foram divulgados por ela, através do portal da CONTRAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligada à CUT). Entretanto, o seu governismo faz com que a CUT ignore tudo isso e cumpra um papel criminoso, servindo de escudo de Lula (e conseqüentemente, dos banqueiros) num momento em que os trabalhadores bancários estão se organizado e lutando por suas reivindicações imediatas e históricas.

Em São Paulo, o Sindicato (ligado à CUT) sequer chamou assembléia para definir a pauta de reivindicações da categoria. Simplesmente determinou que a pauta dos trabalhadores seria a que foi votada na Conferência Nacional da CONTRAF (um fórum formado majoritariamente pela cúpula da CUT), que definiu um índice unificado 10% quando as perdas da categoria já somam cerca de 25% no setor privado e mais 80% no setor público.

Além disso, durante a Conferência Nacional, a corrente que controla a CUT (Articulação) tentou aprovar que a Campanha Salarial agora tenha a validade de dois anos, como forma de não atrapalhar as campanhas eleitorais dos candidatos governistas. Essa tentativa gerou uma crise na Conferência e a proposta foi retirada, no entanto, não temos nenhuma garantia de que os sindicalistas da CUT não defendam essa proposta nas assembléias, caso os banqueiros e o Governo Lula tentem incluí-la no Acordo Coletivo.

As “negociações” da CONTRAF/CUT já estão ocorrendo e até o momento não há nenhuma sinalização dos patrões. Mesmo diante de toda a lucratividade dos bancos, tanto públicos quanto privados, a direção cutista vem se negando sistematicamente a construir um calendário de mobilizações.

Entretanto, os bancários já começam a exigir das direções alguma atitude e estão demonstrando disposição para uma forte greve. Na última semana (10/09), os trabalhadores paralisaram parcialmente as atividades bancárias em várias cidades do país, demonstrando que não vão aceitar pagar a conta da crise e que querem todas as reivindicações atendidas.


MNOB propõe calendário de mobilizações para unificar as lutas

O MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária, ligado à Conlutas) vem se apresentando como uma alternativa para os trabalhadores bancários diante do peleguismo da CUT. Em julho, o MNOB/Conlutas – juntamente com os sindicatos de Bauru, Maranhão, Rio Grande do Norte e diversas oposições – realizou um Encontro Nacional que construiu uma pauta de reivindicações baseada na participação e nos interesses da categoria. A pauta, que já foi entregue aos banqueiros e às direções dos bancos estatais, exige, entre outras reivindicações: 30% de reajuste para toda a categoria, negociações específicas com os bancos públicos pela reposição integral das perdas, jornada de 6h para todos sem redução de salário, fim das metas e do assédio moral, etc.

Entretanto, não será uma luta fácil. A CUT continua utilizando a Mesa Única da FENABAN (espaço controlado pelos banqueiros privados que define o índice de reajuste da categoria) para evitar as negociações diretas com as direções dos bancos estatais e assim não colocar o Governo Lula na linha de tiro da categoria. Além disso, a CUT também segue sem apontar qualquer indicativo de greve.

Em sintonia com a disposição da categoria, que já demonstra que a resposta a tanta intransigência deve ser com greve, o MNOB/Conlutas aprovou uma proposta de calendário que será lançada em todo o Brasil, para que os trabalhadores pressionem as direções e construam a mobilização da categoria, que já não suporta tamanha exploração:

17/09: Assembléia com indicativo de paralisações;

18/09: Atos públicos e paralisações parciais;

23/09: Assembléia com indicativo de greve;

24/09: Greve Nacional por tempo indeterminado.


Os bancários ainda não receberam nenhuma sinalização nas negociações e não podem simplesmente aguardar o Comando Nacional da CONTRAF/CUT, que não possui nenhuma independência para lutar pela categoria. Trabalhadores dos Correios, da saúde, metalúrgicos, professores, químicos, etc. já estão com suas campanhas em curso e por isso, é necessário exigir e construir as assembléias para aprovar um calendário que unifique a Campanha Salarial dos bancários com as atividades de todos os outros trabalhadores.

Nesse momento de crise econômica, é fundamental a unificação das lutas da classe trabalhadora e através dela, podemos construir paralisações nacionais de todas as categorias em luta. Este é um elemento que intensifica a resistência frente às medidas do Governo e dos patrões, e pode desencadear lutas mais radicalizadas contra os efeitos da crise pesam sobre nossos ombros.

2 comentários:

  1. Se a Contraf-Cut(pelega)assinar com a Fenaban
    um indice rebaixado(-10%) o Sindicato dos Bancários do RN se recusará assinar a CCT e continuará na greve até conseguirmos as nossas reivindicações, ou seja indice de 30% ???

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  2. Camarada Cláudio,

    É verdade que estamos acostumados com as práticas cupulistas e anti-democráticas da CUT, mas nós da Conlutas temos respeito pela categoria. Não somos nós que decidimos o que fazer e sim os trabalhadores, nas suas assembléias.

    Se houver ânimo da maioria dos bancários em constinuar a greve, independente da orientação da Contraf/CUT, não teremos nenhuma dúvida em apontar que devemos seguir em frente. Se a maioria dos trabalhadores achar que não pode ir adiante, respeitamos essa decisão.

    Não temos nenhuma preocupação com o que a Contraf/CUT vai defender. Defendemos a nossa pauta e nossa política e deixamos a decisão nas mãos da categoria.

    Saudações!

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